Nos últimos dias
(nos últimos anos)
Achei que viveria sem expressar
(impossível)
No início apostei que era uma brisa
(é pandemia de sofrimento e dor)
Acreditei que os planos todos brilhariam
(ofuscados pelo vírus)
Garanti-me que havia o suficiente
(tudo se diluía, tudo se ia)
Cheguei a me apoiar na força da família
(precisa de cuidado)
Pensei no bem
(choquei-me com o mal)
Certificava-me que não era nada
(era câncer)
Jurava que a vida se constituía de planos
(rende-se ao inesperado)
É no imprevisível que mora a esperança
(assim como a tragédia)
Não negá-lo é viver
(até morrer)
Outra nota da pandemia: CÂMARA ESCURA
Ilustração: colagem “Vende-se: Caixa Caos”, de Sofia Lemos (@sofialemos_art)
Um comentário em “(notas da pandemia) NEGAÇÕES (VERDADES)”